segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Legislativas'09: Politólogos dizem que Paulo Portas e CDS foram grandes vencedores

A "qualidade" da liderança de Paulo Portas foi hoje destacada por politólogos contactados pela Lusa como "decisiva" na conquista do "eleitorado volátil" situado ao centro do espectro político.

O politólogo José Adelino Maltez destacou à Lusa a importância da qualidade de liderança e voluntarismo nas campanhas eleitorais, realçando a do CDS-PP e do PS.

"Foi um jogo de voluntarismo, com uma estratégia clara, e o CDS original já tinha este projecto", sustentou, admitindo que não ficou surpreendido com a subida "natural" desta força de direita.

Para o professor do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, os resultados eleitorais revelam o regresso do panorama eleitoral de 1974, ou seja, o regresso da proporcionalidade entre forças políticas e a necessidade de procurar governos de estabilidade com base no consenso e na negociação.

"Agora, sim, a democracia funciona em plenitude. A funcionalidade e criatividade voltaram ao país", sublinhou, referindo ainda que "o Cavaquismo já não funciona" em Portugal.

Manuel Meirinho, por seu turno, acredita que o carácter "uninominal" do CDS-PP, assente no "capital" de Paulo Portas, foi "decisivo" na subida dos votos no partido.

O docente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) define como "vencedora" a "estratégia diferenciadora" do CDS-PP e do seu líder: "Portas geriu a campanha estrategicamente muito bem", assinala.

Sobre o BE, o politólogo destaca como trunfo do partido o facto de ter "estancado" a noção de "voto útil", lançada em particular pelo PS.

Já António Costa Pinto, também do ICS, acha "prudente" aguardar por "alguns estudos pós-eleitorais" para a procura de uma "melhor definição das movimentações do eleitorado" nas eleições de domingo, mesmo admitindo que o resultado do CDS-PP se deve em parte ao eleitorado "volátil" de centro-direita.

"Algum eleitorado de esquerda descontente com Sócrates votou BE. De qualquer modo algum eleitorado geralmente abstencionista acabou por votar, provavelmente, no PS. Já parte do eleitorado volátil de centro-direita foi parar ao CDS-PP", analisa Costa Pinto.

O politólogo referiu ainda a percentagem total de votos de PS e PSD (65,65 por cento) como "dos mais baixos de sempre" nas legislativas, "evidência" de uma "mobilidade eleitoral" para outros partidos nas margens do esprectro partidário, "notoriamente CDS-PP e BE".

O CDS-PP saiu das legislativas de domingo como um partido vencedor ao eleger 21 deputados à Assembleia da República e a passar a terceira força política em Portugal.

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