segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Juros/Dívida: Portugal ‘obrigado’ a pedir ajuda se Irlanda activar Fundo de Estabilização

No caso de a Irlanda vir a pedir o apoio do fundo europeu de estabilização financeira, Portugal terá também de o fazer porque os mercados tratam da mesma forma os dois países, defendeu hoje, em Bruxelas, um alto funcionário europeu.

O governo irlandês e a Comissão Europeia negam que tenha havido qualquer pedido de ajuda de Dublin, apesar de várias notícias darem conta das pressões que estão a ser exercidas nesse sentido.

Fontes em Bruxelas que pediram para não ser identificadas explicaram que os mercados olham para Portugal e para a Irlanda da mesma maneira, sem levar em consideração a situação económica e financeira nos dois países.

O desequilíbrio na Irlanda tem a ver com a situação do sector bancário, altamente endividado, enquanto em Portugal não foram desfeitas as dúvidas quanto à estabilidade política necessária para cumprir os objetivos orçamentais traçados.

Os mercados financeiros querem, acima de tudo, que seja dada “credibilidade política” às medidas tomadas para diminuir o desequilíbrio orçamental e uma “determinação clara” que os objetivos definidos vão ser cumpridos, segundo a fonte.

Uma outra fonte comunitária contatada pela Lusa exemplifica que a entrevista de Luís Amado, este fim de semana ao Expresso, foi recebida como "surpreendente" e "inapropriada" porque lançava dúvidas sobre a capacidade do Executivo aprovar e executar o Orçamento do Estado para 2011, que prevê a maior redução do défice das contas públicas em democracia, e porque colocava a hipótese de Portugal sair do euro caso não haja estabilidade política.

O próprio ministro das Finanças português, Teixeira dos Santos, já hoje, sublinhou à Lusa que a Irlanda, ao contrário de Portugal, “enfrenta uma situação muito delicada no seu sistema financeiro, cuja extensão ainda não está perfeitamente apurada”.

Para Teixeira dos Santos, a Irlanda está “numa posição muito diferente” da de Portugal, acrescentando que “o crescimento da economia portuguesa este ano supera as expectativas que tínhamos inicialmente e que nos diferencia quer da Irlanda, quer da Grécia e de outras economias”.

O alto funcionário europeu concorda que os actuais problemas foram provocados pela ambiguidade do texto de conclusões da última reunião de chefes de Estado e de Governo, que teve lugar a 29 e 30 de outubro em Bruxelas, cuja redação foi imposta pela Alemanha.

O documento estipula que o sector privado será envolvido no mecanismo permanente que, a partir de 2013, e só para os novos investimentos feitos a partir desta data, irá apoiar os países que eventualmente não conseguirem pagar a sua dívida pública, obrigando os investidores a suportarem uma parte das perdas dos países que entrem em incumprimento financeiro.

Os ministros das Finanças da Zona Euro irão reunir-se terça feira em Bruxelas e, segundo outras fontes na capital belga, é de esperar uma mensagem de “apaziguamento” e “unidade” para tentar acalmar o nervosismo dos mercados financeiros, principalmente no que diz respeito às finanças irlandesas.

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