sábado, 21 de abril de 2012

Guiné-Bissau: "Gomes Júnior não volta ao poder"

O porta-voz do Comando Militar que levou a cabo o golpe de Estado na Guiné-Bissau, tenente-coronel Daba Na Wana (foto), denunciou o envolvimento de Angola na crise da Guiné e garante que Carlos Gomes Júnior não vai voltar ao poder.

"Não há razão que justifique um golpe de Estado, mas pergunto: se alguém monta uma cilada, mandando armas e militares estrangeiros sem autorização para humilhar e para matar, fica-se de braços cruzados a pretexto de quê?", questiona o porta-voz dos militares guineenses, que implica ainda o Presidente Raimundo Pereira e o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.

"O país não está em guerra, e o presidente e o primeiro-ministro mandaram vir tropas estrangeiras, sem conhecimento do Conselho de Ministros, sem conhecimento da Assembleia Nacional, através de uma carta secreta trazida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, que tem interesses económicos na Guiné-Bissau", acusa Daba Na Wana.

Segundo os militares, as forças angolanas tinham na Guiné 14 tanques de guerra e outros tantos jipes com metralhadoras pesadas. "Carlos Gomes Júnior não volta a ser primeiro-ministro e muito menos Presidente. Estariam abertas as portas à retaliação", concluiu.

O ex-primeiro-ministro da Guiné Francisco Fadul (1998-2000), exilado em Portugal há três anos, veio já apoiar o golpe de Estado e felicitar os militares "pela coragem, pelo patriotismo e desapego ao poder". Fadul chegou a defender em 2010 que as Nações Unidas deveriam governar o país. Diz ainda que os dirigentes da nação depostos agiam "sob máscaras" e acusa-os de "graves crimes contra a democracia e os direitos humanos", incluindo as mortes do ex-Presidente Nino Vieira, do ex-chefe do Estado-maior General das Forças Armadas, Tagmé na Waié, entre outros "deputados e manifestantes pacíficos". Fadul afirmou que ele próprio terá sobrevivido "com a graça de Deus".

Entretanto, a pressão internacional aumenta contra o país, mesmo depois da assinatura do "pacto de transição" entre os militares e os partidos da oposição. A União Africana suspendeu o país da organização. O Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento suspenderam as ajudas ao desenvolvimento e a ONU deve tomar medidas depois de ouvir a CPLP. Os militares anunciaram na quinta-feira a reabertura do espaço aéreo e prometem o "retorno às casernas" após posse do poder civil.

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